Ednaldo Michellon
O processo de desenvolvimento regional do Paraná contou com a contribuição de várias culturas agrícolas e explorações agropecuárias. Esse processo de desenvolvimento já foi amplamente estudado em nível geral, restando certas peculiaridades, que necessitam ser melhor explicadas para a compreensão do papel dos diversos agentes na formação econômica de uma determinada região. Analisando esse problema sob a ótica regional, este trabalho deu ênfase à contribuição do algodão e sua cadeia produtiva têxtil ao processo de desenvolvimento do espaço regional localizado no noroeste do Estado do Paraná. Partindo dessas considerações, o problema que se observou no desenvolvimento da cadeia produtiva têxtil do algodão é que seu processo de industrialização não se deu por completo. Nesse sentido, esta pesquisa objetivou verificar as razões pelas quais não houve a industrialização "completa" do setor têxtil na região noroeste, consolidando-a como pólo têxtil do Paraná. A hipótese central que foi testada nesta pesquisa é de que a concorrência entre cadeias produtivas determinou o direcionamento de capitais para aquelas cadeias, onde a "orquestração de interesses" teve melhor articulação e coordenação. A metodologia utilizada foi baseada na teoria de François Perroux, sobre o papel da indústria motriz na geração de um pólo de desenvolvimento. Utilizou-se também de entrevistas, em nível de Brasil, com as pessoas diretamente envolvidas nessa questão, tanto da esfera pública como da esfera privada. Para efeito de delimitação da área de abrangência, adotou-se a regionalização administrativa do Estado do Paraná, composta por núcleos regionais. Nesse sentido, pertencem à região noroeste os núcleos de Maringá, Campo Mourão, Umuarama e Paranavaí. O período estudado foi do início do plantio do algodão no noroeste do Estado até o ano de 1997. Os resultados desta pesquisa estão resumidos a seguir: a) As cooperativas agropecuárias, pioneiras na abertura de fiações no noroeste do Paraná, não tiveram unidade de propósito para continuar a instalação dos demais elos; b) As grandes indústrias, situadas antes da fiação, não tiveram interesse em instalar fábricas de fios e tecidos nessa região; c) As pequenas algodoeiras, por um lado, e, os confeccionistas, por outro lado, também não se organizaram para continuar a instalação de mais elos da cadeia produtiva que dinamizassem o pólo têxtil; d) O Poder Público, em âmbito federal, estadual e municipal, deixou a desejar na formação do pólo têxtil. Portanto, os "conflitos de interesses" e a falta de "orquestração de interesses" entre os segmentos, bem como dentro dos segmentos, determinaram o atraso na formação da cadeia completa, problematizando a consolidação do pólo têxtil do noroeste do Paraná.