Antonio Pereira da Silva
Esta dissertação visa a realização de uma análise histórica acerca da trajetória da jornada de trabalho, no sistema capitalista. Segundo os postulados da teoria marxista, existem antagonismos de interesses entre trabalhadores e capitalistas, ensejando uma acirrada luta de classes, onde a duração da jornada de trabalho é caracterizada como uma medida essencialmente política e dependente da correlação de força entre os agentes envolvidos. Ao longo deste estudo, procura-se mostrar a evolução da jornada de trabalho, relativamente baixa no nascimento do sistema, e que cresce desmesuradamente com o surgimento das fábricas, até alcançar seu auge, no início do século XIX. Tal crescimento se dá em função da dinâmica da mais-valia absoluta, quando passa a ameaçar a integridade física e mental dos trabalhadores, com duração de até 18 horas por dia. Neste período, constata-se um reduzido movimento reivindicatório por parte dos trabalhadores, registrando-se apenas algumas resistências isoladas e desarticuladas, facilmente abafadas. Porém, com os ganhos de produtividade, possibilitados pelas inovações tecnológicas, assiste-se ao crescente encurtamento da jornada. No final do século passado, as manifestações adquirem amplitude orgânica, possibilitando aos trabalhadores uma ação coletiva e estratégica, resultando na conquista progressiva de uma jornada de trabalho ainda menor, até alcançar o tamanho médio de 8 horas. Essa jornada tornou-se um referencial para toda a classe trabalhadora. Após a conquista das 8 horas, e com o sistema passando a vivenciar uma tendência para o pleno emprego, houve um deslocamento nas reivindicações dos trabalhadores, que passaram a solicitar ganhos reais de salários e melhoria nas condições gerais de trabalho. Entretanto, a crise instalada a partir da década de 1970, com a aceleração dos índices de desocupação da mão-de-obra, marcou a retomada do debate sobre o tempo de trabalho, como alternativa política relevante, na distribuição das riquezas produzidas pelo sistema e no combate ao desemprego verificado globalmente. Atualmente, encontram-se jornadas de até 28 horas semanais, porém, não extensivas a toda à classe trabalhador