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Daniel da Silva Barros

Através deste trabalho procurou-se analisar o comportamento do consumo agregado da economia brasileira no período de 1980 a 1999, com o objetivo de detectar a propensão marginal a consumir dos brasileiros ao longo do período analisado, concomitantemente, ao de verificar a influência dos choques exógenos sobre o consumo. Perseguiu-se os objetivos pretendidos através de um referencial teórico das principais contribuições à função consumo, que estendeu-se desde a concepção de Keynes à função consumo, além de considerar-se a de escolha intertemporal, a das hipóteses do ciclo de vida e da renda permanente, até a aplicação das expectativas racionais no processo decisório dos consumidores. Para tanto, realizou-se a estimação da função consumo pelo método ARCH (Auto-Regressivo de Heteroscedasticidade Condicional), utilizando uma equação que analisa a série temporal consumo, a qual considera a renda e o consumo defasado em um período como variáveis independentes. No entanto, foi através do vetor de co-integração entre as variáveis não-estacionárias, consumo e renda, que se obteve os resultados sobre a propensão marginal a consumir estatisticamente consistentes com uma análise de longo prazo. As variáveis dummies foram utilizadas para mensurar o impacto dos choques com capacidade de influenciar o comportamento do consumidor. Diante disso, os resultados indicam que na economia brasileira, a propensão marginal a consumir, de longo prazo, está em torno de 94% da renda interna. As variáveis dummies relevam que apenas a intensificação da abertura comercial, a partir de 1990, provocou uma alteração significativa no consumo, reforçada pelos efeitos positivos do Plano Real, sendo que os demais planos de estabilização influenciaram o consumo apenas temporariamente.