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Maria Aparecida de Oliveira

O Estado do Paraná, desde a década de 60 vêm construindo seu parque industrial, que durante as décadas de 70 e 80, foi ampliado e modernizado, projetando-se em ritmos razoavelmente velozes em direção a maior participação nos indicadores nacionais. Ao longo da década de noventa, mais acentuadamente no período 1995-2000, o Governo do Estado lançou-se, junto com outros estados da Federação, numa corrida industrializante, procurando captar a maior parte das decisões de investimentos empresariais que envolviam escolhas regionais. Com uma ofensiva política de incentivos o Paraná conseguiu atrair mais de duzentos novos empreendimentos para o estado, no entanto, a grande maioria das novas empresas vieram a se localizar na Região Metropolitana de Curitiba ou em outras poucas cidades-pólo no interior do estado. Esta localização concentrada segue um modelo já existente no Estado do Paraná desde seus primórdios, mas que na década de 90 atinge patamares preocupantes. Este trabalho consiste em descrever e analisar as desigualdades inter-regionais da estrutura industrial do Estado do Paraná, as políticas e programas do Governo do Estado e as instituições de apoio industrial atuantes no estado nos anos 90. Através das bases teóricas de Hirschman, Myrdal e Perroux identifica os condicionantes do alto grau de aglomeração industrial na Região Metropolitana de Curitiba e algumas cidades-pólo, através do comportamento de alguns indicadores econômicos e sociais ao longo da década de 90; também diagnostica a estrutura e dinâmica da indústria da transformação nas vinte e quatro microrregiões do estado; analisar as políticas e programas do Governo do Estado do Paraná, bem como, as atividades das ações das instituições governamentais e não-governamentais voltadas ao desenvolvimento industrial. Na conclusão, constata-se um alto grau de concentração das indústrias na Região Metropolitana de Curitiba e em algumas cidades-pólo, onde está concentrado a maioria das firmas com produtos de alto valor adicionado, que retêm a maioria dos estabelecimentos industriais, participação no valor adicionado e, por consequência, maior concentração populacional. A preferência locacional na RMC e cidades-pólo também se dá através da destinação das políticas e programas do Governo do Estado, bem como, na localização das instituições de ensino, pesquisa e apoio empresarial. Concluiu-se também, que a maioria das cidades-pólo, inclusive as pertencentes a RMC, está espacialmente distribuída ao longo do sistema viário chamado “Anel de Integração”, concentrando a maioria dos estabelecimentos industriais, renda industrial, empregos, população, instituições e programas de apoio industrial. Neste Anel estão configurados “Eixos de Desenvolvimento”, com cidades-pólo e empresas motrizes, que realizam transferência espacial do crescimento, através do efeito de expansão que segue a lógica espacial dos vetores norteados do “Anel de Integração”. Do outro lado, estão as regiões e cidades desassistidas por esta dinâmica, seguindo um processo vicioso e cumulativo, com baixa participação no valor adicionado industrial, redução populacional, reduzido número de indústrias e produtos de baixo valor adicionado, ausência de instituições de ensino e/ou cursos com ênfase industrial e, a quase inexistência, de instituições de apoio empresarial. Diante deste quadro, constata-se a ineficácia das políticas públicas nas mudanças dos fatores que afetam na localização dos novos empreendimentos, demonstrando a necessidade de um novo plano de desenvolvimento industrial para o Estado que esteja conectado com o crescimento regional.