Paulo Bento da Silva

A discussão sobre desenvolvimento brasileiro e a necessidade de reforma agrária sempre esteve presente tanto em termos teóricos quanto de políticas públicas ou planos governamentais. Embora considerada importante, a reforma agrária não tem um consenso no que se refere ao seu papel. Nesse contexto, parte-se de uma discussão teórica, apresentando as principais visões sobre o papel da reforma agrária ao longo dos últimos cinquenta anos e as principais políticas governamentais adotadas, após 1964. Em função disso, o presente estudo objetiva analisar a interface assentamento/setor urbano, ou seja, busca identificar as principais mudanças socioeconômcias ocorridas no interior do assentamento e os efeitos que este promove na sociedade em seu entorno. Para isso, foi realizada uma pesquisa de campo no assentamento Pontal do Tigre, no Município de Querência do Norte, no Paraná. A mesma identifica, primeiramente, as principais transformações socioeconômicas junto às famílias assentadas e as visões dos empresários locais em relação às mudanças ocorridas no município após a chegada dos sem-terra, em 1988. Os resultados apontam que os assentamento de reforma agrária consolidados reduzem os conflitos, são capazes de gerar emprego e renda, promovem a melhorias de confições de vida e inserção social das famílias assentadas. A geração de renda no campo, pelos assentados, contriubuí com maior dinamismo do comércio local e mesmo regional, gerando emprego e renda no setor urbano, com reflexos positivos sobre a arrecadação pública municipal e, mesmo, maior investimento e produção por parte dos latifundiários, que de certa forma temem pela perda de suas propriedades. Os resultados indicam, portanto, que os assentamentos de reforma agrária representam uma alternativa de desenvolvimento para os pequenos municípios brasileiros.