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Carlos Alberto Gaspari

No presente trabalho busca-se demonstrar que a emergência de novas biotecnologias está fortemente condicionada pela trajetória inovadora e padrões concorrenciais de indústrias já constituídas e tecnologicamente maduras. O estudo parte da perspectiva teórica schumpeteriana da concorrência capitalista e foi desenvolvida a partir da análise histórico-descritiva. A base de dados utilizada foi eminentemente de fonte secundária, com o objetivo de proporcionar uma visão do objeto de estudo a partir da perspectiva da competitividade e da reorganização industrial frente ao paradigma biotecnológico, entendida sob a ênfase dinâmica. Igualmente, objetiva-se demonstrar as modificações que as biotecnologias terão sobre a estrutura agroindustrial, especialmente a tendência à unificação dos setores químicos, farmacêutico, alimentar e agrícola sob a liderança da bioindústria, que poderá acelerar a dupla tendência de “apropriacionismo-substitucionismo”, nos termos cunhados por Goodman, Sorj e Wilkinson (1990). Nesse sentido, o movimento de biondustrialização, no qual, o poder de mercado do capital agroindustrial é apropriado e subordinado ao capital químico-alimentar está ocorrendo no contexto das trajetórias tecnológicas e dos ambientes concorrenciais de setores industriais já existentes, revelando um protagonismo cada vez maior das grandes corporações transnacionais como Dupont-Pioneer, Monsanto, Syngenta, Grupo Bunge, Cargill, Louis Dreyfus-Coinbra e Archer Daniels Midland (ADM), empresas essas que mantém sinergia com os setores químico, farmacêutico, sementes e de alimento, onde, a junção desses setores leva à configuração de grandes conglomerados bioindustriais que, amparadas numa base tecnológica mais ampla, permite apostar estrategicamente nas sinergias e nos transbordamentos (spillovers) com retornos econômicos maiores.