Paula Tissiany Viana de Macedo Carneiro
O objetivo deste trabalho foi estudar a produção e comercialização de feijão no Paraná a partir da década de 90, considerando as políticas econômicas e a reestruturação do setor varejista neste período. Assim, levantou-se dados sobre quantidade produzida, abrangência geográfica e temporal da cultura, bem como a relação entre os preços ao produtor, atacado e varejo do estado. Foram estimadas as margens de comercialização em cada etapa da cadeia produtiva tentando captar não só o efeito absoluto quanto o efeito percentual ou relativo dessas margens no preço final. Para analisar as inter-relações entre os agentes, produtor, atacado e varejo, foram realizados os procedimentos econômico e econométrico. Numa primeira etapa avaliou-se o sentido de causalidade das variáveis, o que consiste em identificar o nível de mercado em que frequentemente se inicia a mudança de preço dada a ocorrência de um choque. Em seguida, estimou-se o modelo dinâmico no intuito de avaliar a importância de valores defasados ou expectativas de valores futuros de uma ou mais variáveis na explicação da variável dependente. Por fim, analisou-se o comportamento das margens e a parcela apropriada por cada nível de mercado. Os resultados mostraram que a produção apresentou um crescimento descontínuo ao longo do período, revelando a falta de planejamento do produtor a despeito da oferta de feijão. No entanto, mesmo com esta evolução irregular, o cultivo desse produto apresentou um ganho considerável de produtividade e uma maior adoção de tecnologias. Quanto à abrangência geográfica, verificou-se a existência de microrregiões com maiores participações na escala de produção do estado, mas nenhuma com crescimento regular. Em relação ao comportamento dos preços nos diferentes níveis de mercado, observou-se que suas variações são mais frequentes e com períodos curtos devido à ampliação das épocas de colheita e a maior contribuição da segunda safra. Já as margens revelaram que, em termos de tendência geral do mercado, houve uma estabilidade maior na margem relativa ao atacado com decréscimos pouco significativos e um acréscimo da margem de comercialização do varejo e produtor (embora com muitas oscilações no período). A título de ilustração, o valor equivalente das participações desses setores no preço final do produto mostra que o varejo e o atacado auferiram em média 26,4% e 24,0%, respectivamente. Cabe destacar os ganhos de margens conquistados pelo setor varejista nesse período. Isso foi possibilitado pela reestruturação produtiva e comercial por que passou, expandindo o conhecimento de mercado tanto ao nível de produtor quanto consumidor. Desta forma, criou-se subsídio para reconhecer o papel desse setor na formação de preços.