Elaine Cristina de Piza
O objetivo deste trabalho é analisar o impacto da política monetária, adotada pelo Banco Central do Brasil, sobre as expectativas de inflação dos agentes econômicos, a partir da introdução do regime de metas de inflação. Como referencial teórico, utiliza-se o conjunto de princípios conhecido na literatura por Novo Consenso Macroeconômico. Entre esses princípios, está a idéia de que a estabilidade de preços é uma atribuição da política monetária, e que os bancos centrais devem escolher uma meta de longo prazo para a inflação e se antecipar às pressões inflacionárias. Além disso, atribui-se uma importância significativa às expectativas. O modelo estrutural do novo consenso possui três equações principais: a) uma curva IS; b) uma curva de Phillips; e, c) uma regra de política monetária. Nesse modelo, a taxa de juros é endógena, reagindo aos desvios das expectativas em relação à meta de inflação, sendo o único instrumento à disposição do banco central para conter os excessos de demanda e controlar a taxa de inflação. Ao alterar a taxa de juros, o Banco Central tenta influenciar as expectativas em convergência com a meta de inflação. Logo, espera-se que a taxa de juros seja capaz de influenciar as expectativas de preços dos agentes na direção esperada pelo Banco Central. Para capturar a relação dinâmica entre as variáveis, utilizou-se o modelo de vetores auto-regressivos (VAR) nas análises econométricas, com dados mensais compreendendo o período entre junho de 1999 e outubro de 2005. Adicionalmente, foram realizados os testes de Causalidade de Granger e de Exogeneidade. Os resultados sugerem que: a) A política monetária realizada no Brasil está coerente com o novo consenso; b) A taxa de juros é precedida pela taxa de inflação e pelas expectativas de inflação; c) A taxa de juros não antecede às expectativas de inflação, é apenas fracamente exógena em relação a elas; d) Choques não esperados na taxa de juros reduzem as expectativas de inflação; e) O hiato esperado do produto é precedido pela taxa de juros; f) Os efeitos das expectativas de inflação sobre a taxa de juros são mais evidentes do que os efeitos da taxa de juros sobre as expectativas; g) O mercado tem papel significativo na conduta do Banco Central, influenciando as decisões de política monetária.