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Weber Ramos Filho

Ao se circular por regiões habitadas predominantemente por pessoas de baixa renda um fato curioso chama a atenção de qualquer observador que tenha um mínimo de perspicácia: existe um número relativamente elevado de crianças em relação às regiões habitadas por famílias de renda média e alta. Assim acontece, seja nas favelas das grandes metrópoles, seja nas áreas suburbanas de pequenas e médias cidades. Tal fato, que é nitidamente corroborado pelas estatísticas oficiais acerca das taxas de natalidade, implica duas ordens de questionamento: quais as causas que levam as pessoas de mais baixa renda a ter um número relativamente elevado de filhos? E, quais as consequências deste número elevado de crianças, nas famílias de baixa renda, para o desenvolvimento econômico de uma dada sociedade? O presente trabalho objetiva responder a estas duas questões. Para tanto utilizou-se um procedimento metodológico de revisita ao pensamento institucionalista como forma de se obter a fundamentação teórica sob a qual se alicerçará grande parte das proposições teóricas contidas neste trabalho. Feitas as considerações teóricas pertinentes, a análise subsequente se dá em dois sentidos. Primeiro, procura-se explicar como o desenvolvimento econômico de uma dada sociedade condiciona as suas taxas de natalidade. Neste quesito, após a apresentação das principais teorias que tratam do assunto, parte-se para a estruturação de uma teoria inédita, a teoria da expectativa de acumulação, a qual é confrontada com as estatísticas oficiais mostrando-se bastante coerente com os dados apresentados. Na sequência, o sentido de causalidade da análise se inverte, e procura-se explicar como as taxas de natalidade de uma dada sociedade condicionam o desenvolvimento econômico desta sociedade. Por fim, a título de conclusão, são feitas algumas considerações acerca das políticas públicas associadas com o controle das taxas de natalidade e o desenvolvimento econômico.