Reinaldo Guedes dos Santos
O presente estudo teve como objetivo verificar a influência da religião no processo de desenvolvimento socioeconômico de determinadas nações, utilizando-se, principalmente, das teses formuladas por Max Weber e Émile de Laveleye sobre o impacto que a Reforma Protestante teve sobre a natureza humana do indivíduo como um agente econômico. Dessa forma, testou-se a hipótese de que os povos e nações que adotaram o protestantismo são, atualmente, os mais desenvolvidos economicamente do mundo, muito devido à filiação religiosa que tiveram no passado. Para cumprir tal objetivo, foi feito, além de uma revisão histórica acerca da Reforma Protestante, uma análise acerca das principais obras, em relação ao tema proposto, dos autores supracitados. Além disso, a fim de corroborar as teses desses autores, são colocadas algumas evidências empíricas do mundo contemporâneo e elaborado um estudo de caso com base em um modelo econométrico. As evidências empíricas encontradas na literatura demonstram que, de fato, as nações do ramo protestante são hoje as mais economicamente desenvolvidas. O modelo econométrico aponta na mesma direção, pois o coeficiente de desenvolvimento socioeconômico relativo ao bloco de países de religiões protestantes demonstrou-se mais elevado do que grupo das nações católicas e muçulmanas. Já os coeficientes relativos aos agrupamentos de nações de religiões orientais e ortodoxas demonstraram-se estatisticamente não significativos. Um segundo modelo, elaborado levando-se em conta as religiões animistas e outros tipos de religiões, também se revelou estatisticamente não significativo. Por fim, as evidências também apontam que as nações influenciadas pela Reforma Protestante apresentavam, já no início do século XX, uma importante vantagem no campo educacional em relação às demais nações de outros blocos religiosos, muito provavelmente devido aos esforços empreendidos pelos Reformadores para que a população comum tivesse capacidade de ler a Bíblia, como apontado por Laveleye. Dessa forma, concluiu-se que a hipótese testada é verdadeira, pois os países mais economicamente desenvolvidos na atualidade são justamente os que tiveram em suas formações religiosas alguma influência protestante, seja pela ascese profissional despertada pela ética protestante descrita por Weber, ou seja, pelas variáveis apontadas por Laveleye, principalmente a educação.