Leandro Nunes Soares da Silva
Essa dissertação tem como objetivo analisar a pobreza nas famílias brasileiras, sua evolução e suas possíveis relações causais com as características da própria família, aspectos pessoais do chefe da família e com a infraestrutura do domicílio. Para tanto, primeiramente foi traçado um perfil das famílias pobres com o perfil das famílias não pobres, evidenciando as características inerentes dos domicílios pobres. Posteriormente, a pobreza é mensurada em termos unidimensionais, como também em termos multidimensionais, com a utilização do modelo proposto por Kageyama e Hoffmann (2006), do modelo Lógite e pela técnica da Modelagem de Equações Estruturais (MEE), sendo que essa técnica havia sido utilizada no estudo da pobreza de um estado brasileiro, mas nunca para o Brasil. Para tanto, foram utilizados os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios nos anos de 2004 e 2012. Entre os resultados, destaca-se a queda da pobreza unidimensional de 15,48% das famílias, em 2004, para 6,70% das famílias em 2012, apesar da forte concentração dessas famílias nas regiões Norte e Nordeste e na área rural. Quanto à pobreza multidimensional, verificou-se o maior acesso das famílias aos equipamentos de água encanada, luz elétrica e banheiro que, juntamente com o aumento do rendimento, propiciaram a diminuição da pobreza multidimensional, mesmo que em intensidade menor que no método unidimensional. No que diz respeito às características que aumentam a probabilidade de pobreza está alta razão de dependência da família, enquanto que a maior idade, a maior escolaridade, o maior acesso aos bens e, principalmente acesso ao trabalho, aposentadoria ou pensão fazem com que esses domicílios apresentem menor probabilidade de estarem na pobreza. Por fim, por meio da MEE verificou-se que as características de domicílio chefiado por homem, com a presença de cônjuge, localizado na área urbana, com bom saneamento básico e bom conforto lar são benéficas ao aumento do rendimento domiciliar per capita, fazendo com que esses domicílios estejam, proporcionalmente, em menor condição de pobreza e que essas características não foram alteradas no período analisado.