Mateus Ramalho Ribeiro da Fonseca
A presente dissertação analisa a hipótese de não linearidade da política monetária brasileira, após, implantação do regime de metas de inflação. No âmbito teórico, este trabalho analisa os aspectos do Novo Consenso Macroeconômico, assim como, a crítica pós-keynesiana a este modelo, seguida das análises dos canais de transmissão da política monetária e das causas da inflação. Percebe-se que os aspectos teóricos acerca do Novo Consenso, assim como do Regime de Metas, são muito simplistas, com hipóteses frágeis. No aspecto histórico, buscou-se analisar o comportamento da economia brasileira, entre os anos de 1999 a 2013, pelo meio das principais variáveis macroeconômicas: taxa de juros, inflação, produção, dívida pública e câmbio. Como a política monetária vem se modificando ao longo do tempo, buscou-se analisá-la de maneira não linear, por meio de uma estimação econométrica de vetores autorregressivos com mudanças markovianas (MS-VAR). Este modelo possui a propriedade de permitir estimações entre variáveis que conservam a não linearidade entre si. Desta forma, pode-se comprovar que a política monetária brasileira é não linear, e que tem dois regimes bem definidos e persistentes, ou seja, dificilmente a economia muda de um regime para outro. Os regimes basicamente se dividem em dois grandes períodos: o primeiro até 2007; e o segundo, pós 2007. Portanto, utilizou-se das funções de impulso-resposta para obter a relação entre as variáveis nos distintos períodos e o resultado obtido foi que os regimes diferem quanto a amplitude e convergência de choques na variável taxa de juros, mas que os resultados para dívida pública e câmbio são antagônicos: no primeiro, os choques são maiores mas convergem para a origem; o segundo, são menores, mas com efeitos explosivos. Desta forma, percebe-se que o principal instrumento da politica monetária agiu de maneira distinta no período analisado, sendo esta uma característica da presença de não linearidade.