Maria Eduarda Pequito Tanus Amari
O objetivo deste trabalho é analisar o regime de metas de inflação no Brasil no período de 2002 até 2014, para explicar as variações realizadas na taxa de juros pelas decisões do Comitê de Política Monetária, com uma nova estrutura para a função de reação. Para tanto, duas funções de reação para o Banco Central Brasileiro foram estimadas, utilizando a metodologia de Vetores Autorregressivos (VAR) e de Vetores Autorregressivos Estruturais (SVAR), para obter as relações de curto e longo prazo, respectivamente, entre as variáveis do modelo empírico. Deste modo, foi acrescida na função de reação a variável de desvio da inflação efetiva em relação à sua média de longo prazo ao invés da meta, como melhor medida para captar a dispersão da inflação. Além disso, as expectativas do mercado foram incluídas na função, por meio do índice Bovespa, e a dívida líquida do setor público em proporção do PIB foi usada como uma variável fiscal dentro do modelo empírico para representar a política monetária. As expectativas de inflação também fazem parte do modelo para fornecer o conteúdo forward-looking à regra, juntamente com a taxa de câmbio efetiva real, como representante dos choques internacionais, e os valores defasados da Selic, para captar efeitos inerciais desta taxa. A questão dos choques da atividade econômica foi representada pelas variáveis de variação do PIB e desvio da taxa de desemprego de sua tendência de longo prazo, cada qual em um modelo, sendo isto, portanto, o que é diferente em cada um deles. Os principais resultados encontrados são: a presença do forte componente inercial da taxa Selic; a significância da variável de expectativas de inflação e do índice Bovespa, que preconizam o comportamento forward-looking do Banco Central, estando de acordo com as ideias do Novo Consenso Macroeconômico; importância da variável de desvio da inflação efetiva em relação a sua média de longo prazo, o que sugere que o Banco Central reage aos seus movimentos na tomada de decisão, ademais, este efeito ocorreu no sexto mês o que evidencia a defasagem da política monetária no Brasil (ou efeito calendário); significância das séries de variação do PIB e o desvio do desemprego, o que indica que o Banco Central observa movimentos na atividade econômica, e da variável de dívida pública em proporção do PIB, sugerindo que esta instituição também nota os movimentos da política fiscal. As expectativas e o desvio da inflação, que são medidas de dispersão, precisam ser bem ancoradas à meta de inflação e, para tanto, a credibilidade no regime é fundamental. Na ocorrência de uma flexibilização do mesmo, as expectativas poderão sofrer alterações, pois não são estáticas, mas revisadas pelos agentes no decorrer do período. Portanto, o Banco Central deveria trabalhar na tentativa de conduzir a inflação para o centro da meta, e não se satisfazer em mantê-la dentro do limite superior.