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Luan Vinicius Bernardelli

Entender os fatores que contribuem para que algumas regiões cresçam e se desenvolvam mais que outras é um desafio para os cientistas sociais. Neste sentido, diversos estudos buscam investigar os determinantes dos processos de crescimento e desenvolvimento econômico. Além dos modelos tradicionais, que consideram trabalho, capital fixo e capital humano, estudos complementares acrescentam fatores culturais para analisar essa relação. É sob esse contexto que a religião ganha relevância, pois é um dos fatores que mais determina a forma pela qual as sociedades se organizam. A economia da religião, embora tenha sido fundamentada já no século XVIII, somente tornou-se um campo científico posteriormente à Segunda Guerra Mundial, quando as teorias puderam ser testadas por técnicas estatísticas. A relevância desse estudo para o Brasil está no fato da proporção da população protestante ter aumentado em aproximadamente 250%, enquanto a proporção católica declinou por volta de 27% desde 1980.Conforme fundamentado por muitos autores nos presentes ensaios, essa alteração não se limitou ao campo religioso, mas ocasionou mudanças no setor político, econômico e cultural. Da mesma forma que, numerosos autores afirmam que uma proporção maior de protestante está positivamente correlacionado com os níveis de crescimento e desenvolvimento econômico. Alicerçado nestes estudos e na constatação da alteração no campo religioso brasileiro, questiona-se: (i) qual é o impacto do aumento da participação da religião cristã-protestante sobre o processo de desenvolvimento e o crescimento econômico no Brasil? Assim, os presentes ensaios buscaram verificar a relação destas alterações com os níveis de crescimento e desenvolvimento econômico. No primeiro ensaio realizou-se uma abordagem institucional, fundamentada em estudos seminais do século XX, os quais defendem um conceito de instituições regido por regras formais e informais, levando a interligação com os aspectos religiosos. Como ferramenta estatística, utilizou-se a técnica de dados em painel para analisar as mesorregiões do Brasil nos anos de 1991, 2000 e 2010 e, de forma complementar, aplicou-se uma abordagem espacial para verificar o impacto do transbordamento cultural-religioso. O segundo, baseou-se no modelo teórico de Mankiw, Romer e Weil (1992) e introduziu-se uma variável proxy para alteração no campo religioso. Com base nas áreas minimamente comparáveis do IPEA, utilizou-se a técnica de dados em painel para o Estado do Paraná nos anos de 1991, 2000 e 2010. Os resultados de ambos os estudos foram relevantes e se complementaram, pois mostram que houve uma significativa alteração no campo religioso brasileiro, sugerindo que essa alteração tenha contribuído de forma substancial no crescimento e no desenvolvimento econômico do país. Isso enfatiza que a economia da religião é uma área que deve ser amplamente pesquisada e debatida no Brasil, devido a sua intrínseca importância para os aspectos econômicos e seu contínuo processo de alteração.