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Daniela Peres Cardoso

O presente trabalho tem como objetivo analisar o hiato salarial entre o setor público e privado para os anos de 2008 a 2016 no Brasil, com base nos microdados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). O setor público foi analisado considerando suas distintas esferas e poderes governamentais, e o diferencial salarial público-privado é obtido por gênero, nível educacional, Unidade da Federação e porte municipal. Para tanto, foram estimadas equações mincerianas, buscando identificar os diferencias de salários público e privado considerando as características individuais e as dos postos de trabalho. Os resultados mostram que os salários do setor público, em média, são mais elevados se comparado com o setor privado no Brasil, mas em relação às esferas é decrescente a partir do nível federal, estadual e municipal. Quanto aos poderes governamentais, esses diferenciais são superiores para os servidores do judiciário, embora ao longo do período analisado essa diferença tenha diminuído. Vê-se também que a diferenciação salarial público-privado é mais elevada nos municípios de grande porte e nas metrópoles. Os indivíduos com ensino superior completo ou pós-graduação, em média, empregados no setor público, recebem salários inferiores aos indivíduos do mesmo nível educacional que estão empregados no setor privado. Verifica-se também que o diferencial público-privado entre mulheres é maior do que entre os homens. Os resultados da decomposição de Oaxaca-Blinder evidenciam que tanto as características do trabalhador e do mercado de trabalho, quanto as características não-observáveis, são relevantes para explicar o hiato salarial público-privado. Os resultados ainda sugerem que os efeitos da crise econômica e política brasileira tem sido mais perversos para os empregados do setor privado, uma vez que ao longo do período de 2008 a 2016, houve um aumento do hiato salarial público-privado.