José Rodrigo Gobi
Esta dissertação apresenta dois ensaios sobre a economia das doenças crônicas em idosos, os quais tem como base teórica o modelo de Grossman. O primeiro ensaio tem como objetivo analisar os determinantes da percepção do estado de saúde dos idosos no Brasil em 2013. Além disso, verificar a existência de diferenças entre os sexos em relação à autoavaliação de saúde e o efeito destes fatores. A base de microdados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013 é usada na presente pesquisa, sendo empregado o modelo Probit ordenado. Observou-se que o nível educacional e a renda são importantes fatores para a produção de saúde da população com 60 anos ou mais de idade. Mulheres idosas, brancos, não obesos, não fumantes, não ter realizado nenhuma consulta no último ano, consumir bebidas alcoólicas moderadamente, residir nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e não ter sido diagnosticado com nenhuma doença crônica estão associados com os melhores resultados de saúde. Não obstante, conforme os resultados, as mulheres idosas negras ou pardas apresentam as piores autovaliações de saúde. Além disso, as pessoas do sexo feminino inseridas na classe de renda mais elevada (classe A) e no mercado de trabalho exibiram efeitos marginais menos significativos que os homens. No segundo ensaio da dissertação, analisaram-se os determinantes do estoque de saúde dos idosos diagnosticados (ou não) com diabetes e hipertensão no Brasil em 2015. Buscou-se também avaliar a relação entre o fator educacional, esse estoque e seus determinantes. O ensaio usa os microdados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de 2015 e o modelo Probit bivariado. Notou-se que o estilo de vida dos idosos está sistematicamente relacionado a importantes resultados de saúde. O hábito de fumar, o consumo de doces e refrigerante, o alto consumo de sal, troca de refeições por alimentos não tão saudáveis e o estilo de vida sedentário se associam significativamente ao menor estoque de saúde do idoso. Percebe-se também a importância da educação, devido à forte relação com a produção de saúde dessa população. Os resultados dessa dissertação apontam a necessidade do desenvolvimento de estratégias sobre a conscientização do processo de envelhecer saudável, por meio de ações que objetivam disseminar informações sobre comportamentos de riso (obesidade, alcoolismo, tabagismo e alimentação não saudável). Por fim, ressalta-se que políticas voltadas à educação podem ter eficácia para elevar a saúde populacional como um todo.