Olivia Takahashi Margarido
Esta dissertação apresenta dois ensaios sobre a economia da saúde da mulher no Brasil. O primeiro analisou os fatores associados à percepção do estado de saúde das mulheres no Brasil, em 2013, com base no modelo teórico de Grossman. De forma específica, verificou o impacto da prevalência do câncer de mama e de colo de útero e a realização de exames de prevenção dessas duas doenças sobre a demanda por capital saúde. Os microdados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013 foram usados, com a especificação do modelo econométrico de regressão Probit Ordenado. Foi encontrado que o estado de saúde da mulher tende a melhorar se esta morar nas regiões Norte, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, for branca, casada, ter nível de renda e escolaridade mais alto, trabalhar, estar dentro do peso, ter realizado exames preventivos de colo de útero e mamografia nos últimos 12 meses, praticar exercícios físicos, consumir álcool e carne vermelha. Por outro lado, a autoavaliação de saúde piora se a mesma foi a uma consulta médica nos últimos 12 meses, teve diagnóstico de câncer de colo uterino e de mama, fuma e tem idade mais avançada. A partir dos resultados encontrados, julga-se necessária a formulação de políticas públicas de saúde e de bem-estar social específicas ao grupo de mulheres mais propensas a demandar serviços de saúde. Por sua vez, o segundo ensaio buscou analisar a distribuição espacial da morbidade hospitalar do SUS por câncer de mama feminino entre as microrregiões do Brasil e seus determinantes econômico e de gestão de saúde, em 2013. Para tanto, a Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE), especificação de modelos econométricos espaciais e do modelo GWR (Geographically Weighted Regression) foram utilizadas. Aglomerações do tipo Alto-Alto foram observadas no Sudeste e Centro-Sul do país e do tipo Baixo-Baixo no Norte e Nordeste. Observou-se associação positiva do PIB per capita, mamógrafos e número de consultas da Atenção Básica e negativa do número de equipes de saúde sobre as internações hospitalares por câncer de mama, sendo destacado ainda a influência das regiões vizinhas. Além disso, pelo modelo GWR foi encontrado que o PIB per capita, PIB per capita defasado, equipes de saúde, equipes de saúde defasadas e as consultas de Atenção Básica defasadas espacialmente exercem impacto local sobre a morbidade hospitalar por essa neoplasia. A detecção das microrregiões com maior número de internações hospitalares por câncer de mama e seus determinantes espaciais sugere o direcionamento de políticas públicas que minimizem esse problema de saúde pública nas regiões analisadas