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Gésia Coutinho Marcelino

O objetivo dessa pesquisa foi mensurar a magnitude da pobreza multidimensional e de renda no Brasil, a partir dos microdados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios (PNAD), para o período de 2005 a 2015 e para o ano de 2019. Sendo o objetivo desse último período, inclusive, determinar a probabilidade de pobreza sob as mesmas óticas. Tendo em vista as desigualdades espaciais existentes nos estados brasileiros, estas análises se estenderam para as áreas rurais e urbanas do país. Há três abordagens metodológicas distintas utilizadas nessa dissertação: a unidimensional (proporção de pobres); a multidimensional (método Alkire – Foster) ; e a de resposta binária (modelo logit). Os principais resultados obtidos para o Brasil mostram que houve uma queda na proporção de pobres ajustada (M₀), assim como na incidência (H) e intensidade (A). Em 2005 e 2015 o IPM atingiu 7,6 e 4,2%, a incidência 19 e 11%, e a intensidade 40 e 38%, respectivamente. No ano de 2019 tanto o IPM quanto seus componentes mantiveram tendência de queda para o Brasil: IPM (2,2%); H (6%) e A (36%). Os resultados desagregados para o meio rural e urbano também apresentaram reduções, tanto para o IPM, quanto para (H) e (A). Entretanto, as proporções, bem como as quedas, foram mais intensas para o meio rural, firmando o caráter regionalista do país. A queda do IPM rural foi de 9 pontos percentuais (p.p.) e do urbano 3 p.p. entre 2005 e 2015. Em 2019 os meios rural e urbano apresentaram um IPM de 12 e 1%, respectivamente. Na desagregação por estados se observou a persistência dos maiores níveis de pobreza nas regiões Norte e Nordeste do país, assim como a perpetuação do alto índice de pobreza no meio rural frente ao urbano. Também se constatou que as maiores privações sofridas pela população referem-se aos indicadores da dimensão saúde e serviços básicos, e as menores, a dimensão condições habitacionais. Quanto a comparação entre os pobres multidimensionais e unidimensionais, constatou-se redução da proporção de pobres em ambas as abordagens no período de 2005 – 2015. Especialmente nas faixas de renda de R$ 154,00 e U$ 5,50. Entretanto, em 2019 a proporção de pobres unidimensionais se elevou, especialmente no meio rural. Na análise da probabilidade de pobreza constatou-se que as maiores chances pertencem as mulheres (aspecto unidimensional) e homens não – brancos, residentes na região Nordeste e que se encontram em situação de desocupação. Ao passo que as menores chances de pobreza cabem aqueles com maiores níveis de escolaridade, residentes na área urbana e regiões Sul e Centro – Oeste do país, e que possuam cônjuge.