Eduardo Bigattão Mânica
O objetivo desta dissertação consiste em analisar a possibilidade real de substituição do atual sistema financeiro por um sistema descentralizado (DeFi). Uma extensa revisão bibliográfica realizada durante a pesquisa demonstrou que atualmente esse é um tema pouco explorado na literatura, especialmente em língua portuguesa, em grande medida por se tratar de uma tecnologia recente. Para o estudo do tema é crucial ter o entendimento histórico de como a moeda chegou à atual conjuntura, para isto, efetuou-se uma análise do desenvolvimento da moeda e sua conceituação. A mesma análise foi realizada para as criptomoedas que são a base desse novo sistema de decentralized finance. Além disso, foi feito um comparativo entre as criptomoedas, em especial o Bitcoin, para investigar se tais ativos cumprem os requisitos necessários para desempenhar as funções de uma moeda, juntamente com uma análise das diferenças entre criptomoedas e moedas fiduciárias. Como terminativo a conceituação de DeFi, o que é o problema dos oráculos, exemplos de sistemas já em operação e a construção de um cenário visando demonstrar o alcance da tecnologia em questão. A grande maioria das criptomoedas simula de forma imperfeita as funções que um ativo deve desempenhar para ser considerado moeda, pois se tratam de um ativo ainda em desenvolvimento. Tais imperfeições não eliminam a possibilidade das criptomoedas evoluírem para uma moeda de uso global não soberana. Essa nova estrutura tecnológica está forçando uma mudança estrutural no mercado financeiro global. Durante o estudo foi percebido que a estrutura proporcionada pelas criptomoedas, se fez mais realista como complemento ao atual sistema, do que substituto para o mesmo. Tal estrutura demonstrou a possibilidade de uma redução nos custos transacionais e já está sendo utilizada em outros processos, como uma sofisticada conta de garantia automática. DeFi tem potencial para complementar as atividades financeiras tradicionais, mas ainda é um setor em formação, com alta volatilidade, seu uso na economia real ainda é limitado, e está pouco conectado com transações cotidianas, para que o sistema se conecte a uma maior gama de operações é necessário a adesão do governo.