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Márcio José Szpaki Zaparolli

Crises econômicas de caráter recessivo, podem se tornar um considerável desafio à condução de políticas de estabilização, dados os limites de atuação e a possibilidade do esgotamento de instrumentos capazes de reverter ou atenuar os efeitos do choque. Considerando uma política monetária restrita pelo limite inferior mínimo (ZLB) da taxa de juros, uma alternativa eficiente defendida na literatura é o uso da política fiscal de transferências de renda, dada sua capacidade de atuação no curto prazo e redução do impacto contracionista de uma crise. A sustentação dessa política demandará uma acomodação monetária, todavia, sem abandonar a política monetária de regras no longo prazo, de modo a sinalizar aos agentes a manutenção da ordem econômica. Considerando esses aspectos, o presente trabalho propõe discutir e estimar um modelo de crise, em ambiente de regras e política monetária acomodativa, em uma situação de crise. A análise pretende descobrir se o efeito das transferências fiscais, aplicado à economia brasileira, é capaz de suavizar o impactos de um aumento da cunha financeira (financial wedge) sobre o nível de produto e de preços, conforme afirmam ser Woddford e Xie (2022). A metodologia utilizada é uma aplicação do modelo VAR e SVAR (conforme o modelo). Isso é demonstrado pela função de impulso-resposta e decomposição da variância. Os resultados empíricos comprovam as premissas do modelo teórico, demonstrando que no curto prazo, quando as transferências fiscias sofrem um desvio positivo de seu estado estacionário, há um efeito positivo sobre o desvio do PIB real e sobre o desvio da taxa de inflação, validando o modelo. Isso demonstra que a política de transferências de renda é capaz de suavizar os efeitos de uma crise sobre o nível de atividade e preços. O modelo SVAR é aplicado ao desvio da taxa de inflação e demonstra que o ativismo fiscal deve ter um limite a fim de possibilitar aos preços retornarem à sua trajetória de equilíbrio.