Murilo Florentino Andriato
As instituições financeiras desempenham um papel essencial no processo de desenvolvimento. Evidências teóricas e empíricas, todavia, demonstram que o acesso aos produtos e serviços financeiros não é homogêneo, podendo resultar em exclusão financeira. Esse fato corrobora com abordagens como as de orientação Keynesiana, segundo a qual os mercados podem se equilibrar em níveis indesejáveis, aquém do pleno emprego de fatores, de modo prejudicial ao crescimento econômico. A fim de lograr desenvolvimento sustentável, a busca pela inclusão financeira já é reconhecida entre os países desenvolvidos, mas pouco difundida nos países em desenvolvimento, fato que reduz as suas chances de catch up ou emparelhamento com os países de renda alta, pois a inclusão permite reduzir custos de transação, melhorar o desempenho das políticas econômicas e reduzir desigualdade. Essa dissertação tem por objetivo fazer uma investigação teórica e empírica acerca da temática da inclusão financeira no contexto da economia brasileira, no período entre 2011 e 2021. Buscou-se compreender como evoluiu o processo de inclusão financeira na fase recente, marcada por avanços no âmbito do desenvolvimento das tecnologias bancárias. A pesquisa foi realizada por meio de três abordagens, sendo essas: teórica, histórica e empírica. Na análise teórica, tem-se a caracterização do processo de inclusão financeira, seus principais conceitos e teorias, bem como sua relação com o processo de desenvolvimento, destacando-se, também, o processo de exclusão financeira, intensificado pelas desigualdades marcantes da economia brasileira. A contextualização destaca a evolução do sistema financeiro e seus avanços recentes e analisa os principais indicadores e dados relativos à inclusão financeira no país. A análise empírica, finalmente, é dividida em duas partes – uma no âmbito microeconômico e outra no âmbito macroeconômico, sendo que a primeira traz um modelo logit multinomial destinada a compreender os determinantes da inclusão financeira e a segunda, uma análise de dados em painel, para investigar a relação entre inclusão e desenvolvimento, no período de 2011 a 2021, a partir dos dados do Global Financial Index. Dentre os principais resultados empíricos obtidos, observou-se que, de um modo geral, estes corroboram com outros trabalhos nacionais e internacionais, sugerindo que as desigualdades socioeconômicas e, inclusive, regionais estão ligadas à inclusão financeira, de modo que fatores como o gênero, idade, escolaridade e renda mostraram-se relacionados ao acesso e uso de serviços financeiros, ou, ainda, à inclusão bancária no Brasil. Os dados ainda corroboram o entendimento de que a inclusão financeira está relacionada ao desenvolvimento econômico, embora não seja uma relação de impacto unilateral, evidencia-se que o maior acesso e uso de serviços financeiros é uma ferramenta para o desenvolvimento.