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Roberto dos Santos Rodrigues

O objetivo do presente trabalho é analisar o comportamento dos brasileiros, aplicadores financeiros pessoas físicas, ante a trajetória errática da taxa de juros, verificada no período 2014 a 2021. A ideia é compreender como a alocação do portfólio de aplicações financeiras das pessoas físicas foi influenciada, à luz do postulado keynesiano da preferência pela liquidez, segundo o qual, nos momentos de acirramento da incerteza fundamental, os agentes preferem reter moeda, vis-a-vis o engajamento em investimentos produtivos. A hipótese que norteia esta pesquisa é a de que a lógica curto-prazista vigente no Brasil não foi radicalmente alterada no período, a despeito da mudança brusca das condições econômicas, em especial, a baixa histórica das taxas de juros que se tornou negativa em termos reais. A metodologia utilizada contempla três partes, a saber: i) uma análise teórica, que traça o marco analítico basilar a partir do qual a pesquisa se estrutura – a teoria keynesiana – e o pressuposto da preferência pela liquidez; ii) uma contextualização do tema na economia brasileira, apontando-se as raízes do comportamento dos agentes econômicos, além da trajetória recente das aplicações financeiras das pessoas físicas, por segmentos de renda; e, por fim, iii) uma investigação empírica, que traz uma análise de séries temporais, na busca por compreender os determinantes das aplicações financeiras, por segmentos, no período entre dezembro de 2014 e dezembro de 2021. Os principais resultados da pesquisa evidenciaram que o grau de preferência pela liquidez depende do grupo de renda dos aplicadores, sendo que, aqueles com menor volume de recursos, observou-se uma postura predominantemente precaucional e de alta preferência pela liquidez, ao passo que, para o público de renda mais elevada, nota-se que a demanda por liquidez se dá, prioritariamente, pelo motivo especulativo.