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Kézia de Lucas Bondezan

O estudo acerca das variáveis que explicam o crescimento econômico é um assunto de grande debate nas pesquisas acadêmicas. Compreender a maneira pela qual o capital físico, o capital humano e as instituições afetam o desempenho da economia é uma temática discutida por muitos autores, tais como: Ransey (1928), Solow (1956), Swan (1956), Lucas (1988), Mankiw et al. (1992), Hall e Jones (1999), Acemoglu (2001; 2003; 2005 etc), Dias e Tebaldi (2012), dentre outros, e constitui o objetivo central desta tese. Para isso, três ensaios foram construídos. O primeiro estima o estoque de capital físico e humano para os estados brasileiros. O capital físico foi construído através da metodologia proposta por Garafolo e Yamariki (2002) e as estimativas de capital humano foram baseadas na equação de Mincer (1974), com a correção de Heckman (1979). Usando um painel de dados, essas estimativas foram aplicadas em uma regressão de crescimento, com a taxa de crescimento do PIB per capita dos estados brasileiros utilizada como variável explicativa. Conclui-se que os estoques de capital físico público e privado ajudam a explicar o crescimento de longo prazo e são, portanto, elementos importantes a serem considerados, na elaboração de políticas econômicas. Uma contribuição importante desse primeiro ensaio é a construção do estoque de capital humano para os estados brasileiros, via equação minceriana, pois, ao utilizar parâmetros específicos de retorno de escolaridade e experiência, as estimativas sobre o crescimento da economia foram significativas na explicação do crescimento econômico de longo prazo. O segundo ensaio deu continuidade à análise, ao propor a inclusão da variável instituição como fator importante no processo de crescimento econômico. Baseados no modelo proposto por Dias e Tebaldi (2012), em que apresentaram os micro fundamentos que ligam as instituições ao capital humano, o ensaio inovou ao calcular a variável instituição estrutural para o Brasil e efetuar estimativas de que melhorias na qualidade das instituições tornam mais rápidas a acumulação de capital humano e melhoram o caminho histórico do desenvolvimento. O trabalho também abordou a instituição política, que foi construída por Buzzo (2014), porém os resultados das estimativas não foram significativos para o crescimento econômico de longo prazo no Brasil. Por fim, no terceiro ensaio, abordou-se, de forma teórica e empírica, a relação entre capital humano, instituições e crescimento econômico, porém com base de dados internacional. O ensaio parte do pressuposto de que as instituições política, econômica e estrutural afetam o crescimento econômico e o capital humano de duas maneiras, uma de forma direta, através do impacto das instituições sobre o crescimento econômico, e outra de forma indireta, por meio do impacto das instituições sobre o capital humano da economia. Os resultados, em linhas gerais, corroboram aceitação dessa hipótese de que
as instituições são exógenas ao capital humano.