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Carlos Eduardo Gomes

Durante toda a evolução da teoria macroeconômica, as abordagens discutem a capacidade da política monetária em afetar as variáveis reais no longo prazo. Nesta pesquisa propõe-se a aplicação de um modelo teórico que inclui rigidezes nominais advindas de custos de transações e rigidezes reais advindas da estrutura de concorrência das firmas. Apresenta-se as equações de equilíbrio do modelo teórico de Dias (2002) para os principais agregados econômicos no curto prazo, em nível de indivíduo e agregado, e no longo prazo, considerando o estado estável. Como resultado teórico, a moeda afeta o consumo e o poder de compra dos agentes tanto no curto quanto no longo prazo. Os custos de transações tem papel destacado nesta análise e pode alterar os efeitos da política monetária nos agregados econômicos. Desta forma, tendo por base os dados da economia brasileira nos propomos a testar os resultados teóricos que combinam a existência de choques advindos tanto de fatores reais quanto de fatores afetos ao mercado monetário, estabelecendo testes para choques de oferta e de demanda agregada. A preocupação é investigar se a política econômica é capaz de afetar os valores de longo prazo (médios) da variável real consumo - o modelo teórico permite a análise de outras variáveis relevantes para a análise econômica. Para atingir os objetivos, as análises empíricas utilizam a metodologia de séries temporais de modelos de Vetores Autorregressivos (VAR) e modelos de Vetores Autorregressivos Estruturais (SVAR) com variáveis exógenas pois, como se pretende testar, principalmente, as relações para o longo prazo das variáveis, o modelo SVAR é apropriado, com capacidade de estabelecer as relações de longo prazo entre esses agregados com certo grau de confiança, permitindo a análise de simulação de choques por meio de funções impulso resposta e decomposição da variância. Neste contexto, a pesquisa propõe avanços empíricos quanto à aplicação desse modelo para a economia brasileira, identificando maior capacidade da política econômica em afetar os agregados no longo prazo. Os resultados teóricos do modelo indicam que salário real, custos de transação (número de transações com cartões de crédito/débito) e moeda tendem a influenciar positivamente no consumo, enquanto que inflação e inadimplência possuem efeito negativo sobre consumo. Todas as especificações empíricas confirmaram os resultados teóricos do modelo de Dias (2002) para a economia brasileira e, portanto, a pesquisa pode auxiliar policymakers a medir as consequências de longo prazo de suas decisões em nível de Comitê de Política Monetária, ou seja, os resultados convergem na não neutralidade da moeda no longo prazo na economia brasileira.