Aline Queiroz de Assis Andreotti Pancera
Com a intenção de compreender a dinâmica da integração espacial e as consequências de choques exógenos no mercado do boi gordo, a presente pesquisa buscou identificar se mudanças na estrutura da cadeia produtiva e no comportamento dos preços alteraram os centros formadores de preços e a integração dos mercados de boi gordo no Brasil entre 2006 e 2017. Isso representa uma contribuição expressiva, uma vez que os estudos encontrados recentemente usavam conclusões de estudos defasados, por um lado, ou não consideravam os possíveis efeitos das quebras estruturais nas análises, por outro. Então, no presente estudo se pretendeu testar a presença de quebras estruturais; delimitar espacialmente o mercado do boi no Brasil e identificar os centros formadores de preços; verificar a co-integração entre as séries de preços na presença dos custos de transferência e apontar variáveis que pudessem justificar possíveis mudanças no comportamento dos preços ao longo do tempo. Desse modo, preliminarmente, verificou-se as quebras estruturais conjuntas das séries. O resultado do teste dividiu a série em três períodos distintos. No Período I (início de 2006 a 2008), a região de São Paulo foi a que apresentou maior influência nos preços das outras regiões. No Período II (2009 a 2013), Mato Grosso do Sul passou a ser o estado com maior influência nos preços, bem como no Período III (2014 a início de 2017). Desse modo, os resultados apontaram que as modificações regionais verificadas no agronegócio do boi e choques exógenos alteraram o mercado comum e o centro formador de preços. Na sequência, foi testada a co-integração entre as séries de preços e estudadas as variáveis que pudessem justificar a integração do mercado. Os modelos utilizados para testar a co-integração foram o Autoregressivo com Threshold - TAR e o Modelo de Correção de Erros com Threshold - MCE-TAR. Os resultados do modelo TAR indicaram que o mercado comum do boi gordo foi espacialmente integrado no Período I, II e III, porém para o modelo MCE-TAR, o mercado não se cointegrou no Período I, foi parcialmente integrado no Período III e totalmente integrado no Período II. As análises das variáveis determinantes da integração espacial e dos diferenciais nos preços do boi gordo em cada região, apontaram relação entre o volume comercializado, estoque de boi gordo, clima e razão de concentração com a integração. Foi possível identificar que as mudanças na estrutura produtiva da indústria interferiram no centro formador de preços e na integração espacial, indicando que o mercado do boi gordo passou por modificações capazes de alterar sua dinâmica de integração. Por sua vez, reforça a importância de se aplicar os testes de quebra estrutural e do mercado comum para os estudos da integração espacial do boi gordo no Brasil.