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Luiz Henrique Paloschi Tomé

O objetivo desta pesquisa foi analisar o desenvolvimento rural multidimensional e os determinantes do preço da terra agrícola no Brasil de 2006 a 2017, além da relação entre o desenvolvimento rural e o preço da terra. No primeiro ensaio o objetivo foi mensurar e analisar o desenvolvimento rural nas microrregiões brasileiras em 2006 e 2017 a partir de definição multidimensional do desenvolvimento. No segundo ensaio o objetivo foi analisar a existência ou não de um processo de convergência do desenvolvimento rural nas microrregiões brasileiras entre 2006 e 2017, avaliando a dependência espacial nesse processo. No terceiro ensaio o objetivo foi analisar o comportamento e os determinantes do preço da terra agrícola no Brasil e sua dependência espacial por meio da mensuração de um modelo de dados em painel que incorporou o índice de desenvolvimento rural multidimensional (IDRM). De acordo com os resultados, a média do IDRM para 2006 foi de 0,2208 e para 2017 foi de 0,2644, demonstrando elevação no desenvolvimento rural brasileiro no período. A região Centro-Oeste foi a com maior IDRM tanto em 2006 como em 2017, seguida pelas regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste, com a mesma composição no ranking nos dois anos. A região Norte foi a que teve maior crescimento percentual no índice, seguida pela região Sul. Tanto em 2006 como em 2017, as microrregiões com IDRM médio ou superior estão concentradas principalmente no Sudeste, Sul e Centro-Oeste, enquanto que as com desenvolvimento abaixo do nível médio possuem forte presença no Norte e Nordeste. O I de Moran global calculado sobre os dados do IDRM de 2006 e 2017 evidenciou a relação espacial positiva para o desenvolvimento rural. Verificou-se ainda a existência de um extenso cluster alto-alto nos estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste e um cluster baixo-baixo predominantemente localizado em todo o interior dos estados do Nordeste. Nos modelos de β-convergência absoluta e condicional, o coeficiente associado ao nível inicial do IDRM foi negativo e significativo, comprovando a existência de um processo de convergência espacial do desenvolvimento rural nas microrregiões brasileiras de 2006 a 2017 e a tendência de redução das desigualdades, com meia vida de 12,73 anos no modelo de β-convergência absoluta e 10,32 anos no modelo de β-convergência condicional. Verificou-se autocorrelação espacial positiva dos efeitos não modelados e o transbordamento dos choques advindos dos vizinhos sobre o IDRM local. Observou-se ainda que microrregiões que tinham em seu entorno outras microrregiões com elevados níveis do IDRM em 2006 apresentaram, em média, taxas de crescimento do IDRM maiores. Além disso, a presença de agricultura familiar nas regiões vizinhas demonstrou influenciar positivamente o desenvolvimento rural. Quanto ao preço da terra, pôde-se observar maiores preços nos estados do Sul e Sudeste e menores nos do Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O I de Moran global calculado sobre o preço da terra evidenciou a relação espacial positiva para a variável. Verificou-se a existência de um cluster alto-alto nos estados do Sul e São Paulo e de um cluster baixo-baixo em Roraima, além de clusters baixo-baixo em alguns estados do Nordeste. Quanto ao modelo econométrico, o I de Moran dos resíduos e os critérios de informação AIC e BIC, apontaram o modelo com defasagem espacial e erro autorregressivo espacial (SAC) como mais adequado. As variáveis valorização patrimonial, densidade demográfica, ITR, crédito rural e IDRM, demonstraram influenciar positivamente o preço da terra agrícola no Brasil. Observou-se que elevações nos preços das regiões vizinhas influenciam positivamente o preço da terra local, embora com um efeito pouco expressivo, além da existência de autocorrelação espacial negativa dos efeitos não modelados, que evidencia o transbordamento de choques advindos das regiões vizinhas sobre o preço da terra agrícola local.