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Pietro André Telatin Paschoalino

A presente tese tem por objetivo geral avançar no entendimento das modificações da diversificação agrícola brasileira no período recente, em diferentes níveis geográficos. Além disso, pretende avaliar sua relação com a produtividade da terra ao nível de microrregiões geográficas. O primeiro capítulo traz uma introdução sobre o tema, demonstrando, assim, as hipóteses, objetivos e justificativas para a realização da pesquisa. O segundo capítulo avalia a evolução da diversificação de culturas agrícolas no Brasil nos anos 2007 e 2017, por meio da mensuração do índice de Simpson e do Número Efetivo de Espécies, buscando identificar regiões com maior e menor diversificação agrícola (microrregiões brasileiras) assim como os agrupamentos de tais regiões por meio da Análise Exploratória de Dados Espaciais. De acordo com os resultados, nota-se diminuição da diversificação agrícola no Brasil, além de ter sido constatada a autocorrelação espacial positiva nos dados. Desta maneira, a partir de tal constatação, foi possível identificar os agrupamentos de regiões com alta diversificação (baixa) cercadas por regiões de também alta diversificação (baixa), e as modificações de tais agrupamentos ao longo do tempo. Por fim, verifica-se que, apesar dos dois indicadores apresentarem especificidades, ambos apresentaram similaridade elevada, principalmente ao captar as mudanças ocorridas nas regiões nos períodos analisados. O terceiro capítulo busca analisar a relação entre a diversificação agrícola e a produtividade da terra no ano 2017 nas microrregiões brasileiras. Deste modo, foi mensurado o Número Efetivo de Espécies como indicador de diversificação agrícola e utilizado como covariada na regressão sobre a produtividade da terra, assim como outras variáveis explicativas. Para avaliar a correlação entre diversificação e produtividade foram estimados os modelos de Mínimos Quadrados Ordinários e modelos que consideram a dependência espacial nos dados, sendo estes os modelos SAR, SEM e SAC. A partir dos resultados, notou-se que a diversificação apresentou sinal positivo e significativo sobre a produtividade da terra, e utilizando da Regressão Ponderada Geograficamente, foi identificada disparidade de resultados (da diversificação sobre a produtividade da terra), a depender da microrregião em análise. Além disso, constatou-se uma concentração dos efeitos positivos da diversificação na região Nordeste, uma região reconhecida por sua complexidade com relação a seu clima. Uma vez verificada a correlação positiva entre diversificação agrícola e produtividade da terra nas microrregiões do Nordeste, no ano 2017, buscou-se então, no capítulo posterior, avaliar especificamente tal região. Através da regressão via painel de dados, que possibilita controlar para os efeitos fixos de tempo e indivíduos, relaciona-se diversas variáveis com o valor da produtividade da terra nos anos 2006 e 2017, em que foi empregada como uma das variáveis explicativas a diversificação agrícola da microrregião. Além disso, como análise complementar verificou-se a ocorrência de convergência da produtividade da terra nas microrregiões geográficas pertencentes à tal região, entre 2006 e 2017, utilizando assim como variável dependente, o crescimento da produtividade no período. A partir dos resultados do painel de dados, foi possível verificar relação positiva da diversificação agrícola sobre a produtividade da terra na região. Além disso, foi possível constatar a existência de convergência, e também, que a diversificação agrícola foi correlacionada ao crescimento da produtividade. De maneira sintética, verifica-se, então, uma redução da diversificação agrícola brasileira no período recente e uma correlação positiva da diversificação sobre a produtividade da terra, sendo tal questão mais robusta na região Nordeste, uma vez que se encontraram coeficientes positivos e significativos, tanto por meio da regressão ponderada geograficamente, quanto do painel de dados.