+

Cleverson Neves

Segundo dados de 2021 do índice de percepção da corrupção (IPC) da Transparency International (TI), o Brasil foi apontado como um país altamente corrupto, pois alcançou apenas 38 pontos em uma escala de 0 a 100. O país ficou abaixo da média global de 43, da média dos BRICS com 39, da América Latina e Caribe com 41, do G20 com 54 e da OCDE com 66 pontos, ocupando assim o 96º lugar de um total de 180 países. Considerando a relevância e importância desta temática para o Brasil e sua economia, procedeu-se uma análise do impacto que a corrupção causou na economia brasileira, analisando especificamente os setores-chaves, os geradores de Emprego, Renda e o multiplicador de Produção, com intuito de apresentar a magnitude das perdas e o caminho que a corrupção percorreu nos mais diversos setores da cadeia produtiva dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Bahia, esses estados foram selecionados devido ao impacto da corrupção ter ocorrido diretamente, e a partir deles. Os dados para elaboração do vetor corrupção (VC) foram disponibilizados pelo Ministério Público Federal do Paraná (MPF/PR) para os anos de 2014 a 2021. Para obter os cálculos de impacto, foi usado o Sistema Interestadual de Insumo-Produto do Brasil 2013 elaborado por Guilhoto et. al. (2019). O desenvolvimento teórico e metodológico desta tese ponderou-se dos estudos de Mauro (1995), Bardhan (1997), Tanzi e Davoodi (1997), Mo (2001), Silva, Bandeira e Garcia (2001), Balbinotto Neto e Garcia (2005), Svensson (2005), Albuquerque e Ramos (2006), Carraro et al. (2006), B´o e Rossi (2007), Podobnik et. al. (2008), Rocha e Ramos (2010), Henrique e Ramos (2011), CNI (2013), Campos e Pereira (2016), Sobral et. al. (2016), Lopes Júnior et. al. (2018), Nicola (2018), Xiao et. al., 2018 e do Dieese (2021). Além de outros trabalhos destacados na revisão de literatura, tal ponderação possibilitou a este estudo oportunizar ferramentas que permitem conhecer os setores envolvidos e o efeito multiplicador que a corrupção pode causar a economia, possibilitando assim um diagnóstico que oportuniza ao poder público e privado obter informações necessárias para um melhor ajustamento dos mecanismos de controle, gestão e punição à tais fraudes. Os resultados da do estudo mostram que a corrupção causou perda de R$ 26,5 bilhões em produção, cerca de 192 mil empregos e R$ 10,7 bilhões em renda nas 27 unidades da federação. No entanto, considerando as cadeias produtivas, os efeitos negativos foram sentidos em todos os estados com impactos diferenciados nos diversos setores da economia. Em detalhes, os resultados apontam que os setores motrizes da corrupção de acordo com a classificação do CNAE 2.0 para 68 setores, indicam que em São Paulo os setores foram: (21), (35) e (40), no Rio de Janeiro: (42) e (56), no Paraná: (40) e (46) e em Minas Gerais e Bahia o setor (40). Já as maiores perdas de Produção em São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais estão nos setores: (8), (19) e (9) e na Bahia (19), (38) e (8). Já sobre as perdas de empregos temos que nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná os setores mais impactados foram: (2), (14) e (67), já em São Paulo os setores são (2), (3) e (14) e a Bahia (2), (1) e (8). Os maiores geradores de rendas e suas perdas apresentadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná destaca-se nos setores: (54), (60) e (62), e no Rio de Janeiro nos setores (54), (62) e (61). Conclui-se que a partir desta visão detalhada e panorâmica dos setores impactados que o estudo destacou, seja possível o governo e sociedade civil vislumbrar políticas mais assertivas de combate a corrupção.