Mario Filizzola Costa
A deterioração dos níveis de segurança alimentar regionais e mundial decorrentes da expansão demográfica e dos níveis de renda per capita, associado a catalizadores como o choque de saúde do COVID-19 em 2020, ensejam uma avaliação mais pormenorizada sobre as variáveis determinantes da segurança alimentar, como renda, terras agricultáveis e choques exógenos como o COVID-19. Neste cenário, a presente pesquisa busca avaliar os impactos que o desenvolvimento econômico, sobre o prisma de expansão da renda per capita, afetam a segurança alimentar a nível regional e global, tanto ao longo da última década quanto no período mais intenso do COVID-19. Desta forma, os objetivos específicos são: i) construir o índice de segurança e insegurança alimentar dado o contexto de desenvolvimento de cada região no período de 2010 a 2019; ii) examinar a relação entre desenvolvimento econômico dado pela renda per capita e a segurança alimentar; iii) analisar os efeitos adversos da crise do COVID-19 sobre a segurança alimentar. Na pesquisa foram desenvolvidos três capítulos além da introdução e conclusão, sendo que no primeiro apresentam-se os índices da segurança alimentar com base no modelo de Rask e Rask (2011), estimando-se as funções oferta e demanda de alimentos para os diferentes continentes e globalmente. Os resultados demonstraram que o continente africano demanda mais alimento do que a sua capacidade produtiva, o continente americano produz muito mais alimentos que a sua capacidade de consumo, o continente asiático está entrando nos níveis de insegurança alimentar e o continente europeu aproximando-se da segurança alimentar de alta renda. No segundo capítulo busca-se demonstrar como a dinâmica da renda pode impactar na segurança alimentar, utilizando-se de vetor autorregressivo em painel para as amostras regionais e global. Os continentes americano e europeu não apresentaram estabilidade no PVAR, dado suas características intrínsecas, enquanto os continentes africano e asiático, e a amostra global demonstraram resposta aos choques de renda e convergindo no longo prazo. Já no terceiro capítulo avalia-se os efeitos da crise pandêmica do COVID-19 sobre a segurança alimentar global, utilizando-se de procedimento de estimação cross-section controlando os efeitos fixos, não observáveis, das dezoito regiões globais. Desta forma, foi possível observar como o choque de saúde do COVID-19 afetou a segurança alimentar global e das regiões de forma heterogênea. Os resultados demonstraram que quanto maior o número de casos confirmados no país de referência maior a segurança alimentar e quanto maior o número de casos confirmados dos países parceiros menor a segurança alimentar.